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O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) confirmou que o advogado Frederick Wassef, que fazia a defesa de Flavio Bolsonaro no caso das chamadas "rachadinhas", esteve no Palácio do Planalto mais de dez vezes fora da agenda entre outubro do ano passado e junho deste ano.
O Planalto é a sede do Poder Executivo e onde fica o gabinete do presidente Jair Bolsonaro.
Fabricio Queiroz, ex-assessor de Flavio Bolsonaro e apontado como articulador do esquema das "rachadinhas" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, está em prisão domiciliar depois de ter sido detido no último dia 18 de junho em um dos endereços de Wassef, em Atibaia (SP), onde permaneceu escondido por cerca de um ano.
Wassef sempre dizia não saber onde Queiroz se encontrava. O presidente Jair Bolsonaro classificou a prisão de "espetaculosa" e disse que Queiroz não estava foragido.
As informações do GSI constam de uma resposta a um pedido de informações feito pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Wassef costumava dizer que "conhecia tudo" o que acontecia na família Bolsonaro.
As visitas ocorreram entre outubro do ano passado e junho deste ano. A primeira registrada pelo Planalto e enviada ao deputado foi em 10 de abril de 2019 e a última, em 9 de junho deste ano.
No período, foram 13 visitas de Wassef ao Planalto, mas somente duas constam de agendas oficiais do presidente da República — uma em 14 de dezembro de 2019 e outra no último dia 14 de maio.
Nas demais, a entrada do advogado foi liberada inclusive por funcionários do gabinete pessoal do presidente, mas Wassef não é registrado na agenda de Bolsonaro.
Um exemplo é o dia 9 de junho deste ano. Os registros do Planalto mostram que a entrada de Wassef no prédio foi autorizada às 15h32 por Célio Faria Junior, assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República.
Mas Wassef não consta nem da agenda de Célio Faria Júnior nem de Bolsonaro.
Os registros entregues pelo GSI à Câmara não mostram quando o advogado deixou o prédio.
Em pelo menos outras três oportunidades, Wassef entrou no Palácio do Planalto autorizado por assessores lotados no gabinete pessoal do presidente.
Em outros dias, a entrada era autorizada por servidores lotados na Secretaria de Comunicação, na Secretaria de Governo e na Secretaria Geral, além do próprio GSI.
Em dois casos, a visita foi noturna, e o presidente não tinha agenda oficial no horário em que Wassef esteve no prédio.
Mas, na maioria das visitas, Wassef estava no Planalto em horários nos quais a agenda do presidente mostrava reuniões de Bolsonaro com ministros e embaixadores.
No último dia 22 de maio, por exemplo, Wassef entrou no Planalto às 16h29, autorizado por um ajudante de ordens do gabinete pessoal do presidente. Ele só deixou o prédio às 18h25.
Nesse intervalo, a agenda oficial de Bolsonaro informa que o presidente se reuniu com André Mendonça, ministro da Justiça, e Jorge Oliveira, ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência.
Outro exemplo é a visita de Wassef ao Planalto em 7 de maio deste ano. O advogado entrou no prédio às 16h39, autorizado por uma assessora técnica da Secretaria de Comunicação da Presidência, e só saiu às 18h34.
Nesse intervalo, o único encontro oficial do presidente foi com o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, entre 16h25 e 17h05.
Fonte: G1