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Na noite de quinta-feira (10), em uma propriedade rural particular, o prefeito Pompílio esteve reunido com a filha do primeiro casamento, colaboradores do governo municipal e da empresa do setor avícola que dirigia. A esposa Elba Rejane estava há cerca de uma semana em Salvador, convalescendo de mais uma cirurgia plástica.
Pessoas presentes ao encontro relataram perceber um olhar distante e preocupado vindo do prefeito, mas ele não expressava o que, aparentemente, o afligia, a não ser o desejo de organizar a transição e entregar a prefeitura ao sucessor eleito e opositor João Pedro (João de Furão, PSD).
Durante o encontro, Raimundo da Cruz Bastos orientou que uma equipe do governo fosse na sexta-feira (11) à sede da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA), em Salvador, providenciar a conclusão das renegociações das dívidas do município com a empresa estatal, que ele iria, também à capital e assinaria o contrato de renegociação.
Ato seguinte, por volta das 7:30 horas, da sexta-feira (11), Pompílio passou na garagem onde ficam os motoristas e veículos da Prefeitura e orientou que os profissionais realizassem tarefas em Conceição da Feira.
Ele se despediu dos servidores do município e informou que regressaria até o final da tarde de sexta-feira (11) para verificar o andamento dos trabalhos.
Segundo os que estiveram com ele, o prefeito apresentou uma certa inquietação e olhar distante, mas, destacam, que nenhum sinal exterior foi suficiente para antever a tragédia que viria a seguir e que afetaria profundamente a vida de familiares, amigos, colaborardes e da própria vida política da comunidade.
Momentos finais
Na sequência, dirigindo solitariamente o veículo particular que pertencia ao casal, se descolocou de Conceição da Feira para o condomínio Le Parc Residential Resort, situado na Avenida Luís Viana (Paralela), em Salvador, com a finalidade de apanhar a esposa, no apartamento da Torre Éden (Torre 9), imóvel que pertencia a família.
Era por volta de 10 da manhã de sexta-feira (11), quando Pompílio adentrou o apartamento. Nele estavam, além de Elba Rejane, duas outras pessoas, que lhes deram apoio durante o período de recuperação da cirurgia estética.
Elba Rejane estava sozinha no quarto do casal, de costas para porta, arrumando a mala com roupas, para regressar à Conceição da Feira com o marido, quando Pompílio adentrou o quarto e fez o primeiro disparo com arma de fogo.
O projétil da bala transpassou as costas, saindo pelo peito. Na sequência, dois outros disparos na nunca ceifaram completamente a vida da primeira-dama.
Como em um clássico sobre tragédia de amor, ciúme e fúria, Raimundo da Cruz Bastos direcionou o cano da arma, que ainda estava quente e fumegante com os disparos que tinha feito contra a amada esposa, encostou a arma de fogo por trás da orelha direita e apertou o gatilho. Em bilionésimos de segundos o projetil rasgou o crânio e esfacelou parte do cérebro, tirando, quase imediatamente, a própria vida.
Investigação policial
Por volta de 11 horas da manhã, de sexta-feira (11), equipes da 15ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Itapuã) e do Departamento de Homicídio de Proteção à Pessoa (DHPP) realizaram o levantamento técnico da ocorrência.
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de homicídio, seguido de suicídio. A distância e posição da arma encontrada ao lado do corpo são indícios da veracidade da tese.
As duas pessoas que se encontravam no apartamento, no momento do crime, foram ouvidas e liberadas. Elas moram em Conceição da Feira.
Até o presente momento, a Polícia Civil não apresentou o resultado do inquérito sobre a morte do casal.
O que motivou o crime passional
Emocionalmente dependente da esposa, Pompílio sempre externou o quanto valorizava a presença Elba Rejane na vida dele. Mas, o pedido de divórcio e a possibilidade de ela estar gostando de outra pessoa, fez com que todas as expectativas sobre o futuro lhe parecessem sombrias.
É possível supor que, na perspectiva Raimundo da Cruz Bastos, seria doloroso demais viver em mundo sem a esposa ao lado dele, mas de outra pessoa e isso seria um fator angustiante demais para alguém que nutria dependência afetiva profunda em relação ao outro.
Eles estavam casados há 15 anos, com diferença de idade de 12 anos, ou seja, Pompílio, com 61 anos e Elba Rejane, com 49 anos, tinham uma filha de cerca de 10 anos. Eram pessoas com significativo patrimônio pessoal, boa saúde e respeitabilidade da comunidade, ainda assim, o desfecho da relação foi resultado em mortes violentas.
Outra especulação
Entre as fontes ouvidas pelo JGB, foi relatado recorrente problema com as contas públicas do Município e a possibilidade de que uma investigação federal pudesse bloquear os bens particulares do casal e que esse seria o fator determinante da separação, ou seja, Elba Rejane, que era oriunda de família humilde, estaria preocupada em manter o patrimônio que conquistara.
Convergências
Em comum, entre os relatos colhidos das fontes, estão as recentes constantes brigas do casal e a formulação legal do pedido de divórcio, bem como o fato deles estarem mantendo certa distância física entre si há algum tempo.