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Devido ao novo coronavírus (Covid-19), que nesta quinta-feira (14) acometeu mais 4.113 pessoas no estado, e vem, desde o início da pandemia, intensificando a desigualdade no sistema educacional do Brasil por causa da dificuldade de acesso de algumas pessoas aos meios digitais – segundo uma pesquisa feita pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), em 2018, 58% dos domicílios no Brasil não têm computadores e 33% não possuem internet -, os jovens estão apoiando o adiamento do exame.
A aluna do 3º ano do Colégio Estadual de Vila de Abrantes, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), Jarmele Fagundes Santana, 20, a qual vai fazer a prova pela segunda vez, disse ao Varela Notícias que sentiu o impacto da pandemia durante os seus estudos, o que acabou dificultando o seu rendimento e desmotivando a garota.
“No início eu estava bem focada, comprei caderno, fiz cronograma de estudos, fiz coisas que iriam me influenciar a ter vontade de estudar, porém com todas as informações que eu estava acompanhando em jornais e internet, acabei deixando mais de lado, mas essa semana resolvi dar um pouco de atenção aos estudos”, disse Jarmele, que pretende cursar Publicidade e Propaganda.
A jovem vem se preparando para o exame estudando através de aulas no YouTube, pesquisas em sites e aulões que o colégio realiza. “Não foi suficiente, acredito que se tivesse tendo as programações normais da escola iria ajudar bem mais”.
Sobre o possível adiamento do Enem, a jovem disse que “super apoia”. “Acho um absurdo ter a prova nessa pandemia, os casos só aumentando a cada dia. Por mais que tenha álcool em gel e distanciamento, todo cuidado é pouco, não devemos vacilar com uma doença que está matando em média mil pessoas por dia”.
Contando com acompanhamento psicológico na sua rotina de estudos, a realidade do adolescente André Luiz, 16, estudante do 3º ano do ensino médio no Sesi Bahia, localizado no bairro Costa Azul, em Salvador, é bem diferente da de Jarmele.
Prestes a fazer o Enem pela segunda vez, o garoto, que ainda está indeciso entre os cursos de direito e medicina, tem aulas remotas o dia todo com conteúdo programático, e também faz cursinho online, desde julho de 2020, para se preparar.
Ele afirma que sofreu o impacto da pandemia nos seus estudos.
“Desde o início da quarentena, em relação ao conteúdo programático, a escola não estava suprindo tanto assim as minhas carências de aprendizagem. Era bem difícil de entender, prestar atenção”.
Ele conta que, depois que a instituição começou a disponibilizar para seus alunos um acompanhamento psicológico, o rendimento dele melhorou.
“Depois de um tempo, quando eles começaram a política de prestar atenção no psicológico, começou a melhorar o meu rendimento e de meus colegas da turma. Inclusive, nas últimas aulas, os professores perguntavam: ‘e aí, como é que foi esse ano? Vocês estão bem? Como está a sua saúde mental?’. Então, do meio de 2020 para cá, quando eles começaram a aplicar essa política, melhorou porque sentíamos que os professores estavam preocupados com a gente.
Foi um ‘baque’ bem grande ter a quebra do vínculo presencial”.
Ao VN, André disse que também é a favor do adiamento do exame. “Foi um ano muito difícil no sentido de ensino e aprendizagem. Todos os estudantes que eu conheço tiveram muita dificuldade, por isso, acho que adiar a prova, mesmo com argumento do ministro da educação [Milton Ribeiro] dizendo que se adiasse iria prejudicar todas as pessoas que estão se preparando, é o melhor a se fazer”.
“As pessoas da escola pública passaram a ter aulas remotas depois de muito tempo e isso atrasou muita gente. Então eu acho que adiar a prova seria um jeito de equilibrar pelo menos o tempo da pessoa se preparar”, pontua. “Acho bem injusto não adiar a prova”, completa.
Assim como André, Lindiwe Alves Nascimento Onawale, 18, que concluiu o ensino médio no Colégio Flamboyants, o qual fica na Paralela, no ano de 2020 e vai prestar o Enem pela terceira vez, também acha injusto a realização da prova em janeiro, pois, segundo ela, é uma “competição desigual”.
“Concordo com o adiamento porque, ao contrário de mim, o candidato de escola pública não tem os mesmos direitos de acesso ao conteúdo que os alunos de escola particular, sem falar no impacto emocional. Portanto, isso se torna uma competição desigual e injusta”, destaca.
Com o sonho de entrar na faculdade no curso de fisioterapia, ela conta que foi muito afetada pela pandemia.
“Afetando meu emocional, automaticamente dificultando a compreensão dos conteúdos e a seguir cronogramas de estudos feitos por mim, antes da pandemia começar”.Lindiwe está estudando para o exame através de livros, internet e jornais. “Além do acompanhamento escolar. Mesmo assim, isso não foi suficiente, pois as aulas online dificultam um pouco o entendimento de algumas disciplinas oferecidas pela escola”.
Fonte: Varela Notícia