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“O auxílio emergencial teve um dos piores desenhos que se poderia imaginar. Beneficiou 70 milhões de pessoas, enquanto no máximo 10 milhões ou 12 milhões perderam o trabalho durante a pandemia, e o salário daqueles que não perderam o trabalho não caiu. Se considerar os que já vinham desempregados, dá 20 e poucos milhões.
O auxílio emergencial é um benefício grande demais, para um número de pessoas grande demais”, disse.
Segundo ele, na entrada da crise, quando não sabíamos o que iria acontecer, foi “uma boa ideia. Mas a gente não pode continuar com um programa essencialmente cego. (…) O auxílio é hoje uma coisa que não faz nenhum sentido.
Se tiver um campeonato de programa mal desenhado, o auxílio emergencial ganha disparado. Ele parte do princípio de que a crise é muito mais ampla do que é, e isso leva a um custo muito maior do que somos capazes de suportar”, afirmou.
“O auxílio emergencial foi uma oportunidade ímpar para melhorar o Bolsa Família. Para isso, precisaria estar mais em contato com as famílias pobres.
Precisa é usar os 250 mil assistentes sociais que temos espalhados pelo Brasil para realmente conhecer quem são os cinco milhões de famílias (invisíveis). A retomada da economia é muito importante, mas esses trabalhadores vão precisar de apoio para se reinserir, com assistência técnica, financeira, formação, capacitação, crédito. Isso vai ser impossível se não analisar caso a caso.
A política social é feita lá na ponta”, citou, sobre o engavetamento momentâneo da reformulação do Bolsa Família para dar uma nova rodada de auxílio emergencial.
“Não temos 40 milhões de trabalhadores desempregados ou sem trabalho.
Tem uns 20 milhões e poucos, e 12 milhões já estavam desempregados antes da pandemia. A gente pode querer ajudá-los, mas é para isso que serve o seguro-desemprego, o Bolsa Família”. Com isso, ele acrescenta: Se for 40 milhões de adultos em idade ativa, parece gigantesco e vai custar uma fortuna. Precisamos saber quem realmente precisa.
Não pode é do nada chegar à conclusão de que existem 40 milhões de pessoas que precisam, que eu não sei quem são e vou continuar sem saber, e gastar esse dinheiro todo para uma transferência que eu não sei se realmente preciso fazer. Gastar cegamente com auxílio emergencial parece ser a pior coisa a ser feita”, continuou.
“Brasil já gasta R$ 1,5 trilhão na área social, não é uma questão de falta de recurso. Um plano não é ‘quero construir uma ponte através desse rio’. O plano é como é a ponte, desenhar, mostrar que ela vai ficar de pé. A lógica tem que ser revertida, vamos ter o projeto e correr atrás de dinheiro. A gente devia estar cobrando mais como o dinheiro vai ser gasto”, concluiu.
Fonte: A Tarde