Grande parte das mortes no Brasil podia ter sido evitada, dizem Médicos Sem Fronteiras

Foto: Reprodução
Grande parte das 400 mil mortes por Covid-19 no Brasil poderiam ter sido evitadas se o país tivesse adotado medidas básicas de prevenção, que funcionaram no mundo todo, declarou em entrevista Paulo o médico grego Christos Christou, presidente internacional dos Médicos Sem Fronteiras (MSF). A entidade vem auxiliando no combate à Covid-19 em 90 países, entre eles o Brasil, e tem grande experiência em epidemias.

Christou acaba de passar cinco dias no Brasil, acompanhando o trabalho dos MSF em unidades de saúde em Rondônia e conversando com médicos e pacientes. 

“Muitas mortes e sofrimento podiam ter sido evitados no Brasil”, diz. “Bastava fazer o básico, adotar as medidas que funcionaram em muitos lugares.”

Segundo ele, o Brasil é o único país onde a população ainda usa de forma maciça remédios sem comprovação científica como hidroxicloroquina e ivermectina. “O ‘kit Covid ‘ não é inofensivo. Os médicos que receitam esses remédios fazem mais mal do que bem a essas pessoas”, afirmou à Folha. 

Ao ser informado de que, no Brasil, há orientação do governo e de conselhos de medicina de deixar que os médicos receitem o que acharem melhor, a exemplo do “kit Covid”, Christou afirmou: “O ‘kit Covid’ não é inofensivo. Há pelo menos três consequências. As pessoas não apenas tomam os remédios que não têm comprovação científica contra Covid, elas tomam em excesso, tomam todos os dias, doses maiores do que as recomendadas, supostamente para fazer prevenção —e o resultado é que seus testes de funções hepáticas ficam muito alterados por causa disso.”

“Além disso, se eles têm sintomas, ficam em casa e se cuidam pouco, porque acham que o ‘kit Covid’ vai ajudar –e assim vão contaminando outros membros da família. Por fim, eles demoram para ir para o hospital, acham que o ‘kit Covid’ vai curá-los, e chegam muito tarde, mais difícil de reverter a situação.

Para ele, os médicos que receitam esses remédios fazem mais mal do que bem a essas pessoas, e isso viola o princípio da medicina. “Não digo que isso aconteça de propósito, ou conscientemente, e muitas das pessoas nem consultam médicos, vão sozinhas e compram com ou sem receita. É como acontece com tudo –quando o vizinho tomou e disse que funcionou, é a melhor propaganda”, declarou na entrevista.



Fonte: Bahia.ba
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