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Tudo ocorreu antes que os dois pudessem celebrar mais um 13 de maio, data que marca a abolição da escravatura e também o Dia de Nossa Senhora do Rosário, padroeira da comunidade.
O casal não havia sido vacinado. Dias depois, uma de suas filhas também não conseguiu se recuperar da doença.
"Em menos de 15 dias, perdemos três pessoas", lamenta o motorista e percursionista Antônio Santos, sobrinho de Mário.
O número de óbitos nas comunidades quilombolas vem sendo acompanhado pela plataforma do Observatório da Covid-19 nos Quilombos, iniciativa da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e do Instituto Socioambiental (ISA).
Eles mapearam, até o momento, 5.399 casos confirmados e 279 óbitos, o que corresponde a uma taxa de letalidade de 5,16%. O percentual supera a média nacional de 2,8%.
O fisioterapeuta Hiago Daniel Heredia Luz, neto de Maria Auxiliadora e de Mário, conta que uma fatalidade impediu que o casal fosse vacinado pelo critério de idade.
"Quando chegou a vez deles, os dois estavam com sintomas gripais e, pelas orientações do Ministério da Saúde, não se deve vacinar nessas condições. Tem que esperar a melhora dos sintomas. Quando eles poderiam finalmente ser vacinados, eles pegaram a covid-19", conta.
Cerca de duas semanas após a contaminação do casal, quilombolas de todas as idades começaram finalmente a ser atendidos como grupo prioritário em todo o país.
"Não apenas a vida dos meus avós como a de muitas outras pessoas teria sido poupada se a vacinação tivesse sido garantida de forma mais hábil. Para que as doses chegassem aos quilombolas, foi preciso uma articulação nacional", diz Hiago.
Fonte: Agência Brasil