Presidente do Haiti, Jovenel Moïse | Foto: Retamal de Hector/AFP |
O premiê interino afirmou também que a primeira-dama, Martine Moise, levou um tiro, mas não informou o estado de saúde dela.
Joseph afirmou em comunicado que o assassinato foi um "ato desumano e bárbaro". Segundo o premiê, "um grupo de indivíduos não identificados, alguns dos quais falavam em espanhol, atacou a residência privada do presidente da República" por volta da 1h e "feriu mortalmente o Chefe de Estado".
Ele pediu à população "que se acalme" e afirmou que "a situação da segurança no país está sob o controle da Polícia Nacional haitiana e das Forças Armadas do Haiti". "Todas as medidas estão sendo tomadas para garantir a continuidade do Estado e proteger a nação".
O Haiti é a nação mais pobre das Américas e tem um longo histórico de ditaduras e golpes de Estado. Nos últimos meses, enfrentava uma crescente crise política e humanitária, com escassez de alimentos e violência nas ruas.
O país de 11,4 milhões de habitantes faz fronteira com a República Dominicana na ilha Hispaniola, no Caribe, e tem um dos menores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo: 0,51.
A República Dominicana anunciou que está fechando a fronteira com o Haiti, e o presidente do país, Luis Abinader, fez uma reunião de emergência sobre a situação no vizinho, mas ainda não se pronunciou oficialmente.
Crise política
Moise governava por decreto há mais de um ano, após o país não conseguir realizar eleições legislativas, e queria promover uma polêmica reforma constitucional.
Ele dizia que ficaria no cargo até 7 de fevereiro de 2022, em uma interpretação da Constituição rejeitada pela oposição. Para eles, o mandato do presidente havia terminado em 7 de fevereiro deste ano.
Em fevereiro, autoridades do país disseram ter frustrado uma "tentativa de golpe" de Estado contra o presidente, que teria sido alvo de um atentado malsucedido.
Mais de 20 pessoas foram presas na ocasião, inclusive um juiz federal do Tribunal de Cassação e uma inspetora geral da Polícia Nacional.
Histórico de problemas institucionais
A disputa sobre o fim do mandato era consequência da primeira eleição de Moise. Ele foi eleito em outubro de 2015 para um mandato de cinco anos, em um pleito cancelado por fraudes, venceu uma nova disputa no ano seguinte e tomou posse apenas em 2017.
Eleições legislativas e municipais deveriam ser realizadas neste ano, mas elas foram adiadas para 2022 — o que gerou um vácuo de poder, e Moise afirmava que estava habilitado para continuar no cargo por mais um ano.
Fonte: G1