'Impeachment é única saída', diz Ciro Gomes, ao defender aliança ampla contra Bolsonaro em ato na Av. Paulista

Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Ao participar de ato contra o presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, região central de São Paulo, na tarde deste domingo, o ex-ministro Ciro Gomes defendeu a união de "quem for democrata" para viabilizar o impeachment do chefe do Executivo. Em um aceno ao PT, que não aderiu aos atos deste dia 12, Ciro disse que "ainda há tempo" para a sigla integrar o movimento.

— Para fazer o impeachment e proteger a democracia brasileira temos que juntar todo mundo. Ainda há tempo para o PT amadurecer. Quem for democrata tem que entender que o impeachment é a a única saída. Precisamos fazer um acordo com a direita e um centro democrático — disse Ciro.

A manifestação ocupou trechos da via. Por volta das 14h, meia hora após o início oficial do ato, a avenida ainda não estava totalmente interditada, e a maior concentração de pessoas era num trecho de cerca de 400 metros entre os prédios da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Museu de Artes de São Paulo (Masp).

Com o mote "Fora, Bolsonaro", o ato na Avenida Paulista faz parte de uma campanha do Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra Rua e outros grupos, que convocou manifestações em ao menos 15 capitais . No Rio, manifestantes se reuniram na praia de Copacabana na manhã deste domingo para pedir o impeachment do mandatário. Em Belo Horizonte, a concentração ocorreu na Praça da Liberdade, no centro da capital.

Na mesma linha adotada por Ciro, o cantor Tico Santa Cruz afirmou que os manifestantes devem focar na saída de Bolsonaro no poder para, depois, falar sobre eleições:

— Eleição de 2022 a gente decide em 2022, nas urnas. Nossa pauta agora é retirar o Bolsonaro. Ele disse: ou vai pra cadeia, ou ele morre ou ele ganha. Efetivamente, não quero que Bolsonaro morra, mas o Bolsonaro também não vai ganhar. Mas o Bolsonaro vai pra onde? Cadeia" — afirmou o músico.

Próximo a um dos carros de som do MBL, boa parte das pessoas usava camisa branca, como recomendara a organização do ato. Mas ao longo da avenida, há todo tipo de vestimentas: pessoas com cores que remetem à temática LGBT e com camisetas amarelas, portando bandeiras do Brasil. Um ambulante vendia, em uma das esquisas, bandeiras com as figuras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, além de estampas com a frase "Fora, Bolsonaro".

Inicialmente, o MBL pretendia fazer um protesto com o mote "Nem Bolsonaro, nem Lula", em apoio a uma terceira via nas eleições de 2022. Ao longo da semana, porém, num sinal para receber a adesão de outras siglas de esquerda, o grupo concordou em fazer um ato apenas pedindo a saída de Bolsonaro do cargo. Apesar disso, havia, ao lado do carro de som do Vem Pra Rua, um boneco inflável com Bolsonaro e Lula abraçados — e o petista usando roupa de presidiário.

Apesar da intenção de juntar nomes da direita à esquerda, poucos políticos de esquerda aderiram aos atos. Dentro do espectro político, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) é um dos pouco que garantiu presença no protesto. PSB e PCdoB também se comprometeram com o ato. PT e PSOL descartaram adesão , mas trabalham para a realização de uma manifestação mais ampla contra Bolsonaro para outubro ou novembro.

Criado em 2015, o MBL esteve por trás de grandes manifestações de rua em São Paulo que pediam o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Boa parte do público daqueles atos, no entanto, mantém apoio a Bolsonaro e foi à Avenida Paulista na terça-fera, quando o presidente fez ameaças aos outros Poderes e afirmou que não cumpriria mais decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Ele, depois, diria que o discurso foi feito "no calor do momento".

Apoiadores de Bolsonaro chegaram a passar pela Avenida Paulista e filmaram o ato com seus telefones, em tom de deboche.

Fonte: O Globo

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