Foto: Twitter | Ciro Gomes |
Na operação, dois irmãos de Ciro, no caso o senador Cid Gomes (PDT) e Lúcio Gomes, também foram alvos. À época, o ex-ministro atribuiu a ação a uma suposta perseguição política.
Leia também: Ciro Gomes denuncia operação da PF
"Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pré-candidatura à presidência da república. Da mesma forma tentaram 15 dias antes do primeiro turno da eleição de 2018", declarou nas redes sociais logo após a operação.
DECISÃO
Foi justamente essa "ausência de contemporaneidade" entre as suspostas fraudes, ocorridades entre 2010 e 2013, e a busca e apreensão, determinada em 2021, que os magistrados levaram em consideração para tomar a decisão.
Relator do caso no TRF-5, o desembargador Rubens Canuto questionou a probabilidade de se encontrar alguma prova dez anos depois do fato em investigação.
Segundo ele, um dos precedentes para a adoção de uma busca e apreensão é o "dano irreparável", quando há algum risco de o investigado "inutilizar provas". "No entanto, no presente caso, veja a singularidade, a medida foi usada como fundamento de crimes ocorridos em 2010, mas a medida foi decretada em 2021, cerca de dez anos depois", disse.
O desembargador Bruno Carra seguiu o voto do relator. "O nobre relator foi feliz ao destacar a distância temporal, que denota a desnecessidade das provas desses fatos passados", disse. Para o magistrado, a operação "colocou uma rede larga para tentar arrebatar qualquer coisa sem um ato calcado nas justificativas apropriadas para essa medida, que é invasiva e precisa ser bem ponderada".
O voto do relator também foi seguido pelo desembargador federal Vladimir Carvalho.
Conforme André Xerez, um dos advogados da defesa de Ciro Gomes, a decisão tem efeito imediato. "Cabe recurso à instância superior, mas a decisão do Tribunal tem efeito imediato", disse.
Ainda de acordo com o advogado, inicialmente, a decisão de anular a busca e apreensão atende ao pedido do ex-ministro Ciro Gomes. "Mas a tendência é de que o relator possa estendê-la a outros investigados", aponta.
Entre os investigados que podem ser beneficiados com a decisão estão os irmãos de Ciro, o senador Cid Gomes e secretário da Infraestrutura do Ceará, Lúcio Gomes.
OPERAÇÃO DA PF
A "Operação Colosseum" cumpriu 14 mandados de busca e apreensão no Ceará e em outros três estados para apurar fraudes e corrupção nas obras da Arena Castelão, entre 2010 e 2013.
Segundo a PF, há indícios de desvios de R$ 11 milhões pagos em dinheiro vivo ou por doações eleitorais.
São investigados fraudes, exigências e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos em licitações das intervenções feitas no equipamento esportivo.
Fonte: Diário do Nordeste