Aniversário de 58 anos do Golpe é marcado por ação que tenta emplacar narrativa de 'revolução'

Foto: Divulgação/Comissão Nacional da Verdade
Há 58 anos se instaurava à força o que é considerado o período mais repressivo do último século no Brasil. Traumático para o país em geral, e muitas pessoas em particular, o Golpe Militar de 1964 está vivo na memória e na pele de quem viveu os horrores da ditadura que durou 21 anos. 

Natural de Brotas de Macaúba, na Chapada Diamantina, Olderico Campos Barreto, 74, assistiu ao extermínio de dois dos seus irmãos e sentiu no corpo, ao lado do seu pai, a tortura física e o sofrimento da prisão. Trabalhando como metalúrgico, José Campos Barreto (irmão de Olderico) participou de uma das primeiras grandes greves de resistência ao regime, em 1968, quando morava em São Paulo.

Durante o ato, foi capturado e preso por 98 dias. idade natal na Bahia, com a condição de comparecer mensalmente à delegacia para “bater ponto”. Quando o regime recrudesceu e passou a eliminar opositores, Zequinha (como era conhecido) deixou de ir ao posto policial, em protesto. Imediatamente passou a integrar a lista de procurados pela polícia.

Quando o acharam, em 7 de setembro de 1971, foi assassinado aos 25 anos. A ação fez parte da Operação Pajussara, que tinha como objetivo essencial capturar opositores que partiram para a luta armada. Olderico e o pai, José de Araújo Barreto, foram torturados. “Foi ele quem mais sofreu”, lembra. A relação entre pai e filho também marca a história de Carlos Augusto Marighella, 73, durante a Ditadura Militar no país. 

Ele é filho do ex-deputado federal comunista Carlos Marighella (1911-1969), morto em uma emboscada montada pelo delegado Sérgio Fleury, em São Paulo. Inspirado pela Revolução Cubana, Margihella pai ingressou na luta armada e fundou o grupo revolucionário ALN (Ação Libertadora Nacional) para combater o governo de Castelo Branco. Passou a ser considerado, então, o inimigo número 1 do regime.

“Muitos jovens que levantaram a tese da luta armada, como meu pai, foram assassinados. Mas isso não me impediu de também protestar. Fui preso durante dois anos, em 1975. Eu sabia que, como era filho de Marighella, isso tinha um peso a mais”. Marighella filho revela que o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel do exército e chefe do DOI-CODI, foi o comandante da operação que o prendeu em Salvador.

O mesmo Brilhante Ustra torturou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) – fato enaltecido pelo então deputado federal Jair Bolsonaro durante votação do processo de admissibilidade do impeachment, na Câmara Federal, em 2016.


Fonte: Metro 1
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