Diferente das palavras coronavírus ou Covid-19 que precisaram ser aprendidas nos últimos dois anos, a imagem do mosquito preto com listras brancas já é uma antiga conhecida dos brasileiros. O Aedes aegypti, mesmo com nomenclatura difícil, é comum no imaginário popular, assim como as formas de prevenir sua proliferação. Mas, ano após ano vem a notícia: surto de dengue na Bahia.
“Quando passa a epidemia, as pessoas esquecem facilmente. Aqui em Urandi isso não deveria acontecer agora, já que tivemos salto de dengue na gestão anterior, em 2019”, diz Rodrigo Carvalho, secretário de Saúde do município no sudoeste da Bahia. Lá, se concentra a maior incidência de dengue no estado, entre janeiro e abril de 2022.
Os primeiros casos da doença foram registrados nas zonas rurais, onde há esquema de irrigação para favorecer a agricultura, principal atividade econômica da cidade. Depois o problema passou a ser os lotes de terra mal cuidados e até quintais sem capinar. De acordo com a coordenadora de epidemiologia do município de Urandi, Erivânia Santos, o Ministério da Saúde também foi omisso durante o último ano em relação ao tratamento das arboviroses — dengue, zika e chikungunya.
“Nós tínhamos uma quantidade de larvicida insuficiente para tratar todos os reservatórios (de água), só tratamos alguns. Houve falta do próprio inseticida. A gente teve que usá-lo de forma mais regrada”, conta Erivânia.
No final de abril, a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) divulgou um boletim epidemiológico que aponta o aumento de incidência das arboviroses no estado.
Entre janeiro e abril, foram notificados mais de 14 mil casos suspeitos de dengue, 9,2 mil de chikungunya e 557 de zika. Houve aumento de 8,3% em relação ao mesmo período de 2021.
Segundo consta no boletim, a partir da série histórica da incidência da dengue (2018 a 2022), existe certa sazonalidade neste agravo.
O ano de 2018 teve um cenário endêmico, sem aumentos significativos de casos, já entre 2019 e 2020 houve uma ascensão do número de casos com comportamento epidêmico da doença. Agora, em 2022, tudo caminha para uma nova epidemia.
Fonte: Metro 1