Foto: Wilton Júnior/Estadão/Arquivo |
O encontro foi transmitido ao vivo pelo tribunal do trabalho. Bolsonaro se aproximou de Moraes que estava na primeira fila próximo à tribuna dos magistrados. O presidente fez um gesto com a mão pedindo que Moraes se levantasse. O ministro do STF ficou de pé e trocou um cumprimento breve com o presidente. Bolsonaro, porém, ignorou a plateia presente na solenidade e deixou de aplaudir o ministro. Moraes foi saudado por um longo período pelos presentes, exceto pelo presidente.
O gesto de Bolsonaro ocorre em meio a preocupações de aliados do presidente com o impacto de um discurso contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na parcela dos eleitores que ainda estão na dúvida e não são ferrenhos bolsonaristas. Moraes será o próximo presidente da Corte Eleitoral.
Nesta semana, depois de ver arquivado seu primeiro recurso ao STF contra Moraes, Bolsonaro apelou ao Ministério Público Federal. Na queixa-crime, alega que a condução do inquérito das fake news pelo ministro não respeita o contraditório e trata-se de uma investigação injustificada.
Em redes sociais e em discursos em solenidades, Bolsonaro já foi muito além disso. Atacou a conduta do ministro que é relator de investigações que preocupam o governo. Foi Moraes quem cobrou a retirada de perfis que difundiam informações falsas de apoiadores de Bolsonaro.
Em 7 de Setembro do ano passado, Bolsonaro fez ataque virulento ao ministro: “Dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais”. Em outro momento declarou: “Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixe de censurar o seu povo”
A solenidade em que ocorreu o improvável cumprimento foi para a posse do desembargador Sergio Pinto Martins, do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP), como novo ministro do TST. Ele ocupará a vaga decorrente da aposentadoria do ministro Alberto Bresciani.
Estadão Conteúdo