Fotos: Divulgação | Montagem: IstoÉ |
No mundo econômico, também começam a ficar públicas propostas de diversas entidades e da academia para tentar desviar o país da rota de uma nova crise no próximo ano. Olhando de hoje, parecem remotas as chances de o próximo presidente assumir o comando de um Orçamento equilibrado, em meio a previsões de forte desaceleração da atividade produtiva.
Esse esforço de analisar os problemas do país e propor soluções objetivas preenche uma lacuna deixada pelos dois primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto. Nem o petista Luiz Inácio Lula da Silva nem Jair Bolsonaro divulgaram até agora – a dois meses das eleições – um plano amarrado para a administração da economia. O que se tem são ideias esparsas e mais promessas de aumento de despesas, o que só aumenta a incerteza dos agentes econômicos em relação ao futuro do país.
No fim deste mês, a Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), por exemplo, vai entregar a cada um dos candidatos ao Planalto documento com propostas do setor, fruto de cinco meses de discussões internas. Entre elas, o fortalecimento do papel do BNDES como financiador de novos projetos de investimento, num momento de aperto do capital estrangeiro, principalmente para países em desenvolvimento. “É preciso dar condições para que a indústria seja competitiva ao mesmo tempo em que se faz um processo de abertura”, afirmou o presidente executivo da Abdib, Venilton Tadini, à coluna.
Em outra iniciativa, um grupo formado pelos economistas Bernard Appy, Pérsio Arida, Francisco Gaetani e Marcelo Medeiros, pelo advogado Carlos Ari Sundfeld e pelo cientista político Sérgio Fausto lançou um documento batizado de “Contribuições para um governo democrático e progressista”.
A pretensão desse grupo, que se intitula apartidário, é enfatizar a necessidade de novas medidas de amparo social (como a substituição do atual Auxílio Brasil), de mudanças em regras trabalhistas e previdenciárias e de uma ampla reforma do Estado brasileiro, o que passa necessariamente pelas reformas tributária, administrativa e orçamentária. “É preciso estancar o enfraquecimento das instituições democráticas e da convivência civilizada, bem como reverter a deterioração do meio ambiente e da imagem externa do Brasil”, diz o documento.
Há, entretanto, uma exceção ou uma atitude exemplar nessa disputa: Ciro Gomes. Embora em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais, o pedetista apresentou um projeto nacional de desenvolvimento tendo como bandeira a “reindustrialização” do país. Mas, nesse deserto de propostas econômicas dos dois principais candidatos à corrida presidencial, não custa lembrar uma frase atribuída ao dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht: “Que tempos são estes, em que temos de defender o óbvio?” (Por Neuza Sanches / Veja Online)
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