Foto: Nasa/Divulgação |
Cientistas destacam que o aumento constante das temperaturas permite que correntes oceânicas quentes fluam pela base do grande bloco de gelo, desestabilizando-o e o fazendo se desprender da costa.
O grande problema é que o derretimento deve ser suficiente para elevar o nível do mar em até três metros. A destruição de comunidades costeiras seria uma das principais consequências.
Inclusive é daí que vêm os apelidos de “Geleira do Juízo Final”, “Geleira do Fim do Mundo” ou “Geleira do Apocalipse”, que remetem ao alto risco de colapso e ameaça ao nível global do mar.
Thwaites é uma das glaciares mais amplas do mundo. Tem quase 129 quilômetros de largura e tem sido o foco de preocupação há anos por especialistas. Um estudo de 2019, divulgado pela Agência Espacial norte-americana (Nasa) detalhou uma imensa cavidade no fundo da geleira Thwaites, de cerca de 59km² e quase 300 metros de altura. Era, sem dúvidas, um prenúncio do possível destino da geleira.
De acordo com a Nasa, a galeria pode contabilizar uma fração do manto de gelo da Antártida Ocidental, que contém gelo suficiente para elevar o nível do mar em até 4.8 metros. Conforme a crise climática avança, a região passou a ser foco de preocupação devido seu rápido derretimento e capacidade de destruição costeira generalizada.
Ponto de apoio frágil
Thwaites não é uma geleira comum. Ele contém gelo suficiente para elevar o nível do mar ao redor do mundo em quase um metro, representando uma ameaça para aproximadamente 40% da população humana que vive em regiões próximas do mar.
Sua existência é de extrema importância como um ponto de apoio e de bloqueio para os blocos de gelo atrás dela. Estes, se deslizarem para o mar, podem elevar as águas do oceano em cerca de dois metros e meio.
O estudo divulgado na Nature Geoscience demonstra o quanto a situação piora rapidamente, já que o bloco corre cada vez mais risco de queda à medida que o planeta continua a aquecer.
“Thwaites está realmente se segurando hoje pelas unhas”, disse o coautor do estudo e geofísico marinho do British Antarctic Survey, Robert Larter, em um comunicado à imprensa. “Devemos esperar grandes mudanças em pequenas escalas de tempo no futuro – mesmo de um ano para o outro – quando a geleira recuar além de uma crista rasa em seu leito."
Basta um chute para desmoronar
A pesquisa indica que a taxa mais recente de recuo da geleira do Juízo Final é mais lenta do que nos últimos anos. Embora isso possa parecer uma coisa boa, na verdade é um mau sinal. “Nossos resultados sugerem que pulsos de recuo muito rápido ocorreram na geleira Thwaites nos últimos dois séculos, e possivelmente até meados do século 20”, explicou Alastair Graham, da Faculdade de Ciências Marinhas da Universidade do Sul da Flórida, e principal autor do estudo.
Ocorre que, enquanto a geleira vai diminuindo de tamanho, a quantidade de tempo antes de outro evento de derretimento rápido diminui. O estudo previu que a probabilidade de outro ocorrer “nas próximas décadas”. “Apenas um pequeno chute em Thwaites pode levar a uma grande resposta”, disse Graham.
A Geleira do Apocalipse preocupa os cientistas há décadas. Em 1973, cientistas analisaram se ela estava em alto risco de colapso. Quase uma década depois, foi descoberto que, como o bloco de gelo está aterrado no fundo do mar, as correntes oceânicas quentes podem derretê-la por baixo, a deixando instável.
A partir disso, os cientistas começaram a chamar a região ao redor da Thwaites de “o ponto fraco do manto de gelo da Antártida Ocidental”. (Metrópoles)
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