Foto: Arquivo pessoal |
Segundo o paciente, ele precisava do equipamento coletor enquanto se recuperava de um procedimento pós-operatório no rim. Porém, ao ir à clínica para colocar o item, o médico disse que a instituição estava sem a bolsa e informou que colocaria a luva em substituição.
“O médico falou que era medicina de guerra e colocou uma luva improvisando o procedimento. Saí da clínica com aquela luva pendurada na barriga, vazando muito. Em casa eu não tinha controle. Fiquei encharcado de secreção… Minhas roupas e cobertores ficaram todos molhados”.
O caso aconteceu em 22 de setembro no Centro Clínico Pinheirinho, unidade da NotreDame Intermédica. Inicialmente, ao serem questionados se o caso teria acontecido em um hospital do grupo, a empresa respondeu apenas lamentando o ocorrido. Nesta terça-feira (11), após a publicação da reportagem, a empresa divulgou que o caso aconteceu no Centro Clínico.
Por nota, a empresa também lamentou o ocorrido e disse que desligou o médico da equipe. Também afirmou que o paciente está bem e que todas as demandas dele “estão assistidas”. Leia a íntegra da nota da empresa ao final da reportagem.
“Não quero que outras pessoas passem por situações semelhantes. Fiquei entristecido e muito chateado. Eu me senti totalmente desrespeitado por receber este tipo de atendimento”, afirmou o paciente.
Como foi o procedimento
João Carlos contou que, antes de colocar a bolsa de colostomia, estava com um dreno para eliminar secreções. A indicação de colocar a bolsa de colostomia veio quando o curativo que ele usava parou de segurar o dreno devido à quantidade de líquido eliminada.
Segundo o paciente, o procedimento era temporário, uma vez que o médico pediu para vê-lo novamente no outro dia. Mesmo assim, ele disse ter se sentido constrangido.
“O MÉDICO QUERIA VER A QUANTIDADE DE SECREÇÃO QUE ESTAVA SAINDO […]. COMO NÃO TINHA A BOLSA DE COLOSTOMIA, ELE IMPROVISOU E, NO MOMENTO, EU ATÉ ME ACHEI BEM ACOLHIDO, ELE ESTAVA SENDO SIMPÁTICO. DEPOIS QUE CAIU MINHA FICHA. PENSEI: ‘CARA, O QUE EU TO FAZENDO COM ISSO AQUI?’. AÍ PEDI AJUDA PARA UMA AMIGA”.
O paciente disse que substituiu a luva no mesmo dia, por intermédio de uma amiga que trabalha em um hospital da capital. Ela conseguiu uma bolsa de colostomia para ele.
Ainda de acordo com o relato do paciente, o médico não sinalizou se no retorno previsto para o dia seguinte substituiria a luva cirúrgica.
João Carlos disse que, até esta terça-feira (11), só fez reclamação sobre o caso para a empresa que administra a clínica.
“Como a minha preocupação primeiro foi a minha saúde, eu não tive cabeça pra fazer nenhuma reclamação em outros lugares. As pessoas ao meu redor que, incomodadas, me motivaram a fazer algo. Meu chefe fez uma reclamação na clínica e eu recebi um retorno. Eles perguntaram o que aconteceu e lamentaram o ocorrido […]. Há mais de dois anos estou com problemas no rim, tem sido cansativo”.
A reportagem questionou a NotreDame Intermédica se o uso de uma luva cirúrgica é recomendado em caso de falta de bolsa de colostomia, mas não teve resposta.
A empresa também não respondeu sobre o motivo da ausência de bolsas de colostomia na unidade, nem se o uso da luva poderia gerar riscos à saúde do paciente.
Nota do Centro Clínico Pinheirinho
“A prioridade da empresa é oferecer o melhor atendimento aos clientes. Por isso, a companhia lamenta profundamente o ocorrido, que possa ter gerado algum desconforto ao paciente.
Por esse motivo, assim que houve conhecimento dos fatos, o médico foi desligado, o paciente foi acolhido, e todas as suas demandas estão assistidas.
O paciente está bem e em continuidade ao seu tratamento ambulatorial. A companhia preza pelo bem-estar do paciente sempre e está em contato direto e à disposição do beneficiário para melhor assisti-lo”. (G1)
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