Dono de vasta carreira na TV e no teatro, ficou marcado por papéis como o otimista Poliana, amigo de Regina Duarte em Vale Tudo (1988), Calixto, conselheiro de Petruchio (Eduardo Moscovis) em O Cravo e a Rosa (2000) e Gigi, irmão da vilã Bia Falcão (Fernanda Montenegro) em Belíssima (2005), além das esquetes em que participou em clássicos do humor como TV Pirata (1989) e Viva o Gordo (1981).
Nos palcos, fez parte de uma histórica montagem de Roda Viva dirigida por Zé Celso Martinez, em 1968, e recebeu inúmeras indicações e venceu prêmios importantes como o Molière, Shell, Sharp e o Troféu Mambembe, por obras como A Aurora da Minha Vida (1982), Machado em Cena, um Sarau Carioca (1989), Sermão da Quarta-Feira de Cinzas (1994) e SoPPa de Letra (2004).
Em 2006, sua carreira foi tema do livro Pedro Paulo Rangel: O Samba e o Fado, escrito por Tania Carvalho e lançado na Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial. A obra contava com longos depoimentos em primeira pessoa em que o ator discorria sobre seus trabalhos.
Destacava sua predileção pelos palcos, algo que o acompanhou a vida inteira: “só no teatro você pode mostrar o que é realmente capaz de fazer, não tem truque, close no rosto, fazer mais uma vez. Não se repete até acertar”.
“Drama ou comédia? Em que gênero me sinto mais confortável? Não sei”. “Tenho uma dificuldade grande de chorar. Em cena e mesmo na vida”, dizia sobre o drama. Já sobre a comédia: “meu Deus, como é difícil! Comédia é tempo, ritmo, matemática. Se você perde um milionésimo de segundo, a piada não funciona. Aquele riso certo, a piada exata, um dia para de funcionar e é dureza reconquistar o momento”.
Problemas na saúde
Em O Samba e o Fado, Pedro Paulo relatava que teve problemas com álcool e cigarro ao longo de boa parte da vida. Chegou, inclusive, a usar substâncias mais pesadas, que não especificou: “consegui sair das drogas de um dia para o outro. O medo da morte falou mais alto. Eu sabia que estava me destruindo. A droga só durou um ano em minha vida”.
O primeiro trago em um cigarro lhe marcou a memória. Foi da marca Capri, no Bar Berengo, que ficava na rua Haddock Lobo. Rangel tinha 16 anos de idade. Em 1998, sentiu que os mais de 60 cigarros que fumava diariamente estavam destruindo sua voz e seu fôlego, não só em cena, mas no dia a dia, e arremessou seus maços e o isqueiro pela janela de um taxi. No ano seguinte, parou com o álcool. “Comecei a beber socialmente, mas progressivamente a minha adicção tornou-me totalmente antissocial”, refletia.
Já com cerca de 50 anos de idade, parou com os vícios tarde demais. o início dos anos 2000, descobriu que tinha desenvolvido a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). “Esse corre-corre todo de grava programa, filma, faz teatro, agravou, e muito, aspectos da minha doença. Não é culpa de ninguém, a não ser minha, exclusiva. Fui um fumante heavy durante mais de 30 anos. Cheguei a fumar três maços de cigarro por dia. Quando bebia, fumava mais”.
Em maio de 2022, Pedro Paulo Rangel falou sobre sua condição de saúde ao jornal O Globo: “tenho uma doença crônica, DPOC causada pelo cigarro. Isso absolutamente não me impede de trabalhar. Eu tomo remédios, tenho uma rotina. Faço fisioterapia Eu só não posso andar muitos metros, não consigo, me dá falta de ar. Mas no palco eu ando perfeitamente”.
O ator também revelava que não tinha mais interesse em fazer uma novela: “não quero fazer. É muito longa. Já que não tenho mais contrato fixo, prefiro projetos menores. Novela é desgastante. Agora posso, graças a Deus, escolher o que fazer. Quero participações, séries. É melhor do que ficar nove meses ou até mais num mesmo trabalho. Quero ter menos tempo trabalhando e mais tempo para mim”. (Correio)
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