Foto: Reprodução/TV Bahia |
O crime foi cometido no dia 29 de dezembro, quando Bruna e o agressor, Henrique Vilela Gonçalves, estavam em um bar no bairro do Dois de Julho. O então casal havia encontrado um amigo do próprio Henrique, antes dele passar a ameaçar a vítima e então agredi-la, por ciúmes.
Nesta sexta-feira (6), ao lado da mãe, Bruna disse que as ameaças foram feitas de forma velada. Com medo e em alerta, a vítima disse que sabia que iria ser agredida, assim que Henrique passou a olhar para ela.
"Hoje minha cabeça ainda dói muito, minha costela também está bastante dolorida, meu corpo no geral. [No dia do crime] A gente chegou no bar para encontrar o amigo dele, que tinha chegado de viagem. Estávamos conversando normal, e ele começou a ficar com ciúmes do nada. Ciúmes no geral, porque estávamos em uma conversa em galera, não foi uma conversa só entre eu e o amigo dele para causar isso".
"Ele começou a me olhar com cara de ameaça. Eu notei que ele estava com ciúme, pedi para ir no banheiro, aí eu fui no banheiro e pedi para a dona do bar, para que ela me escondesse".
Pai de agressor negou pedido de ajuda
Depois de escondida, Bruna pediu ajuda ao pai do agressor, que é ex-policial e negou o socorro a ela. Minutos depois de ter pedido ajuda, ela foi surpreendida por Henrique invadindo o quarto onde estava escondida.
"Ela me escondeu no quarto, que fica em cima do bar. Eu liguei para o pai dele, para vim tentar resolver, acertar as coisas, porque eu sabia que ele [Henrique] ia acabar me agredindo. O pai dele disse que não iria se meter. Aí ele invadiu o quarto da menina, me encontrou lá, e começou as agressões, começou a me dar chutes e socos".
"Ele começou as agressões e eu só fiquei perguntando o porquê que ele estava me batendo. Ele não respondia, só foi me batendo até eu apagar [desmaiar]".
Bruna relatou que, quando acordou, estava no chão do banheiro e o pai de Henrique estava no local. Foi ele quem levou a vítima para casa.
"Depois de apagar, eu já não lembro mais o que aconteceu. Só lembro que eu acordei no chão, debaixo do chuveiro, com o pai dele e um amigo do amigo do pai, jogando água e dando tapinhas na minha cara, para eu acordar. Eu acordei e ele [pai do agressor] falou assim: ‘vou te levar para sua casa, ele vai pegar as coisas dele e vai sair de lá, e eu te deixo em casa’.
"Eu acabei desnorteada e, com medo, acabei indo com o pai e com o agressor. Quando chegou lá, o agressor disse que não iria sair, que eu teria que sair da minha casa. Eu disse que jamais sairia da minha casa, então acabei chamando a polícia".
Levado para delegacia
Quando a equipe da Polícia Militar chegou à casa de Bruna, Henrique foi algemado e levado para a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), no bairro de Brotas, junto com o pai dele e ela, que precisava prestar depoimento.
"Chegando lá, ele deu depoimento primeiro e eu fiquei na sala de espera. Eu estava vomitando muito, devido a um chute na costela, e depois eu fui dar o meu depoimento, só que a delegada não estava lá, estava fazendo via web. Depois que eu terminei meu depoimento, a delegada chamou o pai dele para falar alguma coisa, e mandou o pai dele me levar para o HGE [Hospital Geral do Estado]".
"Eu fiquei com muito medo, por que o pai do agressor vai proteger quem? O filho dele, não a mim".
Bruna foi hospitalizada com traumatismo craniano, em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HGE. Depois de internada, ela sofreu uma nova violência: o pai do agressor negou o direito dela de se comunicar com a própria mãe.
"Eu só pedia para ele [pai] ligar para minha mãe, e ele fingindo que estava ligando e dizendo que ela não atendia. Em nenhum momento ele ligou, porque minha mãe me descobriu três dias depois. Eu fui internada e fui direto para a UTI. Toda vez que eu acordava, nos horários de visita, eu via o pai dele. Nunca era minha mãe. Eu sempre perguntava: ‘cadê a minha mãe?’, e ele dizia que não estava conseguindo falar".
A vítima teve alta na quinta-feira (5), sete dias após a internação, e está em casa com a mãe. O caso é acompanhado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) e segue sob investigação da Deam. A Polícia Civil ainda não informou se o pai de Henrique também será investigado.
Uma medida protetiva de urgência foi solicitada para a vítima, e a polícia pediu a prisão do suspeito, que foi liberado na audiência de custódia e responderá em liberdade. Para a mãe de Bruna, fica o alívio de ter a filha de volta em casa e o desejo de justiça para que Henrique pague pelas agressões.
"É uma vitória ter ela aqui, acalma um pouco coração. Mesmo nessa situação, nesse estado. É uma vitória ela estar fora do hospital, estar viva, que é o mais importante. Ele está livre. Vai responder, mas está em liberdade. A gente pediu junto à Delegacia da Mulher que pedisse a prisão preventiva dele, e que ele fosse indiciado por tentativa de feminicídio. Ele tentou matar a minha filha, não só agrediu". (G1)
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