Considerada um indicador essencial e que determina o custo do crédito, a taxa de juros tem um papel significativo na decisão de compra de um veículo novo. Quando os juros estão em alta, os consumidores enfrentam desafios adicionais para realizar esse investimento, levando em consideração os impactos financeiros a longo prazo.
Ainda assim, esse problema não atinge apenas o Brasil. Nos últimos anos, a taxa de juros nos EUA tem sido um tema de interesse crescente, uma vez que impacta diretamente os custos de empréstimos e financiamentos para os compradores de veículos.
Com juros mais altos, as parcelas mensais do financiamento aumentam, aumentando o custo total dos veículos ao longo do tempo. Além disso, as taxas de juros mais altas podem limitar a capacidade dos consumidores de obter empréstimos favoráveis, dificultando o acesso ao crédito e restringindo as opções de compra.
De acordo com Daniel Toledo, advogado que atua na área do Direito Internacional, fundador da Toledo e Associados e sócio do LeeToledo PLLC, escritório de advocacia internacional com unidades no Brasil e nos Estados Unidos, os veículos de médio valor são os mais afetados nesse tipo de situação. “Os carros zero quilômetro nos EUA, entre 30 e 70 mil dólares, tiveram uma drástica diminuição em suas vendas. Isso porque muitos daqueles que compraram e financiaram um automóvel durante a pandemia, estão pagando juros mais altos do que o planejado inicialmente. Como os valores subiram, as pessoas não estão interessadas em trocar seus carros. As montadoras costumam disponibilizar cinco anos de garantia, diminuindo ainda mais a necessidade de troca durante esse período de alta nas taxas”, pontua.
O especialista aponta que muitos veículos de preço médio estão ficando parados nas concessionárias, atrapalhando a movimentação de estoque. “É possível ver muitas picapes zero quilômetro disponíveis, e as montadoras estão querendo vender. Algumas estão, inclusive, absorvendo as taxas estabelecidas e oferecendo os carros com 0% de juros em financiamentos de até 36 meses”, revela.
Ainda assim, Toledo aponta que veículos de luxo, a partir dos 70 mil dólares, seguem com suas vendas normalizadas mesmo em um período de crise. “Esses automóveis não são fabricados em larga escala e, quando estão disponíveis, as pessoas que possuem um grande poder aquisitivo não se preocupam com os valores dos juros em um eventual financiamento. Por esse motivo, a dificuldade é vista apenas em carros de valor médio”, declara.
Para o advogado, esse cenário mostra similaridades entre Brasil e Estados Unidos. “Isso revela que, assim como no país latino, a classe média é quem mais sofre com o constante problema de alta na taxa de juros. É preciso que esse cenário volte a se estabilizar para que as pessoas tenham, novamente, poder aquisitivo quando se pensa na compra de veículos zero quilômetro”, finaliza.
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