Foto: Michael Morse - pexels.com |
Falácia Naturalista
Atualmente, muitas pessoas são vítimas da Falácia Naturalista, uma falha cognitiva amplamente documentada pela ciência. Nessa visão, se negros, mulheres e homossexuais têm menos oportunidades é por que o mundo simplesmente opera dessa maneira e assim deve continuar. Este fenômeno também explica o preconceito que muitas pessoas têm com homossexuais – tudo que não é considerado “natural”, não é ético, limpo, divino ou bom, na cabeça de muitos. No entanto, até o momento, os cientistas já catalogaram mais de 1.500 espécies que possuem comportamentos homossexuais e essa lista cresce a cada ano. Se isto ainda não nos faz aceitar que o homossexualismo é algo natural e portanto, deve ser respeitado, eu não sei quais outras evidências seriam necessárias.
Ódio nas redes
Há um grande perigo quando um governo, ou mesmo um grande líder religioso ataca algum tipo de minoria, geralmente buscando uma promoção de sua imagem nas Redes Sociais visando capital político eleitoral. Um grande corpo de artigos científicos indica que autoridades têm uma influência enorme no comportamento das pessoas. Toda vez que líderes disseminam suas opiniões, as pessoas acreditam cegamente, pela crença de que autoridades têm informações privilegiadas e devem saber o que estão falando.
Em 2020, o cientista Jay Van Bavel, da New York University (NYU), realizou uma pesquisa nas mídias sociais e descobriu que toda vez que se faz um post hostil sobre um grupo “inimigo” as pessoas compartilham de forma dobrada em relação a um post sobre o próprio grupo. "Além disso, cada termo hostil contra esse grupo considerado inimigo aumenta em 67% a probabilidade de compartilhamento”, afirma Gaziri.
A cientista Molly Crockett, da Princeton, publicou dois artigos na Nature e na Science (as revistas mais respeitadas no mundo da ciência) revelando que todo conteúdo que traz um assunto no campo da moralidade (família e religião) evoca maior engajamento das pessoas nas mídias sociais e faz o algoritmo levar o post para o topo do feed. Existe um mecanismo de recompensa que é atingido por essas pessoas quando compartilham algo que critique algum comportamento considerado como “violação moral”, que ativa o sistema de dopamina no cérebro. As pessoas compartilham esse tipo de conteúdo porque antecipam que haverá um tipo de recompensa: curtidas, comentários e engajamento. Esse mecanismo de antecipação de recompensas, ativada pelo neurotransmissor dopamina, também faz com que as pessoas fiquem viciadas no processo. Um dos maiores riscos de compartilhamentos massivos nas redes sociais é a exposição que as pessoas têm a novas ideias. Sozinho, um indivíduo não consegue pensar em todas as razões pelas quais não gosta de certo grupo, mas quando lê novas opiniões de mentes similares, ele passa a assumir posições cada vez mais extremas, comportamento que conhecemos como polarização.
Enquanto nossos políticos não se atualizarem com as últimas evidências científicas, o povo continuará a custear discussões ultrapassadas e sem sentido, fazendo com que o nosso país não avance em pautas mais importantes para o bem-estar da população.
Sobre Luiz Gaziri
Luiz Gaziri é um dos pensadores mais provocativos da geração atual, remodelando a nossa forma de pensar sobre negócios, felicidade e comportamento humano com uma abordagem totalmente baseada em evidências científicas. Luiz é professor de “Psicologia Positiva” no MBE da Unicamp e na FAE Business School.
É autor dos livros: "A Ciência da Felicidade" e "Os Sete Princípios da Felicidade" e "A Incrível Ciência das Vendas". Sua mais recente obra, "A Arte de Enganar a Si Mesmo", será lançada em outubro de 2023. Seus livros receberam elogios de dezenas de cientistas de instituições como Harvard, Yale, Stanford e Wharton, sendo destaque também em grandes veículos de imprensa.
Ele também é palestrante e consultor corporativo. Formado em Administração de Empresas na FAE Business School, MBA pela Baldwin-Wallace University (Cleveland, EUA). É especialista em Liderança pela London Business School (Londres, ING). Trabalhou por quase duas décadas como executivo em empresas dos mais variados segmentos e portes. Entre suas centenas de clientes de palestras e consultorias estão empresas como BRF, Arcelor Mittal, Dunlop, Arauco, EBANX, Unimed, Sicredi, HSBC, Suzano, TEDx, Banco do Brasil, Electrolux, EY, Segfy, KPMG e Sankhya.
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