Há mais de uma década, o populismo político pernicioso, abriu essa chaga urbana: a permanência de barracas da feira livre durante todos os dias da semana. Para não perder votos e a simpatia desse significativo segmento do eleitorado, gestores fazem vistas grossas para o problema. O outrora comércio ambulante fincou fortes raízes no centro da cidade.
Acovardados, agentes públicos fingem que não enxergam a dimensão do problema. Não inserem o tema em suas pautas de discussões em busca de soluções, mas reclamam à boca miúda, quando a população se queixa do desleixo, como foi com o episódio da Festa do Divino Espírito Santo.
De um lado, está a responsabilidade das autoridades na organização dos espaços públicos e da limpeza urbana, comprometidas pela tolerância populista. Do outro, a questão socioeconômica do numeroso segmento que depende da atividade para manter suas famílias.
São esses, os desafios para os gestores, que não têm demonstrado competência e comprometimento ao longo dos anos, em busca de soluções responsáveis que atendam aos interesses do segmento envolvido diretamente e os demais setores da população impactados pela inércia dos agentes públicos.
Diante do impasse, a alternativa seria a criação de uma central de abastecimento fora do perímetro urbano, talvez às margens da BR- 101 ou da BA que liga Cachoeira a Santo Amaro. Nesse local, as barracas funcionariam diariamente, como acontece há décadas no centro da cidade. Assim, as feiras livres seriam realizadas em dias fixos e com hora marcada para a retirada das barracas sob rigorosa fiscalização dos órgãos competentes.
Resta saber quem é que terá coragem de mexer no vespeiro.
Alzira Costa é jornalista, moradora de Cachoeira, no Recôncavo Baiano.
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