Gustavo Mullem foi também guitarrista de Raul Seixas |
O músico lutava contra um câncer de pulmão. Segundo postagem de Luiz Mullem, filho de Gustavo, ele foi cremado em uma cerimônia nesta terça-feira, 28, às 11h30, no Cemitério Campo Santo. Às 11h, foi realizada uma missa no local, no entanto, desde às 8h, amigos e parentes foram recebidos para o último adeus ao guitarrista.
Gustavo alcançou fama nacional nos Anos 80 como integrante da banda Camisa de Vênus. Ao lado de Marcelo Nova, Robério Santana, Aldo Machado e Karl Hummel, Mullem gravou cinco álbuns, deixando um legado de hits e canções que permeiam o imaginário coletivo dos rockeiros, como “Eu Não Matei Joana D’arc”, “Sílvia”, “Bete Morreu”, “O Adventista” e tantas outras.
Após o fim da formação original do Camisa, em 1987, integrou o grupo solo do vocalista Marcelo Nova, batizado de Envergadura Moral. Foi a banda que gravou o último disco de estúdio de Raul Seixas, em parceria com Nova, intitulado “A panela do Diabo”, lançado em 1989.
Nos anos seguintes, Gustavo participou de reuniões esporádicas do Camisa de Vênus, com direito a gravação de DVD ao vivo no Festival de Verão Salvador em 2004. Nos anos 90, foi guitarrista da banda Missionários do Dízimo, que lançou um álbum e obteve certa repercussão nacional.
Triste coincidência
A morte de Mullem ocorre quase após sete anos do falecimento do colega de banda, Karl Franz Hummel. O artista também teve câncer, mas no fígado, e foi sepultado no cemitério Jardim da Saudade, em Salvador, no dia 8 de junho de 2017 (saiba mais).
Camisa de Vênus se formou no início dos anos 1980, em um sítio no interior da Bahia, por Marcelo Nova, Gustavo Mullem, Robério Santana, Aldo Machado e Hummel. Com composições que passavam pelo punk, o grupo alcançou as paradas com as músicas “Bete Morreu", do primeiro álbum, Camisa de Vênus (1983) e, em seguida, “Eu Não Matei Joana D’Arc”, do segundo álbum, Batalhões de Estranhos.
O cantor da banda Camisa de Vênus fez uma publicação no Instagram falando sobre um episódio dele com Gustavo:
"Quando meu pai morreu em Salvador, em 1986, eu estava vivendo no olho do furacão com o Camisa de Vênus. Inúmeras entrevistas para revistas e jornais no Rio e em São Paulo, gravação de videoclipes, visitas à rádios, e a notícia me pegou pesado.
Meia hora depois Gustavo surge com um pequeno saco de supermercado cheio de dinheiro e me diz:
'Leva aí, pois você não está com cabeça para pensar em nada.'
'Quanto tem aí, Gustavo?'
'Não sei, peguei o que tinha.'
Antes do aeroporto ainda tive tempo de passar no banco para sacar algum. Deixei o saco de supermercado dentro da mala e uma semana depois retornei para São Paulo e devolvi-lhe.
Estávamos há décadas sem nos encontrarmos e, apesar de tanto tempo, a lembrança desse gesto espontâneo e generoso é a que vai permanecer comigo."
- Marcelo Nova
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