OAB repudia acusações contra advogada assassinada na Bahia

Após a divulgação de informações sobre uma suposta ligação da advogada criminalista Maria das Graças Barbosa dos Santos, de 50 anos, com o Primeiro Comando da Capital - PCC (saiba mais), a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA) emitiu uma nota em sua defesa. A advogada foi assassinada a tiros nesta segunda-feira (24), em Ipiaú. Segundo as investigações iniciais, ela representava membros do PCC e teria sido morta a mando do Comando Vermelho (CV).

Foto: Reprodução 
Conforme divulgado pelo Correio 24 horas, a OAB-BA repudiou qualquer tentativa de vincular a advogada a facções criminosas e ressaltou que não há registros de denúncias sobre infrações ético-disciplinares contra ela.

A entidade enfatizou que advogados exercem a defesa de réus, mas não compactuam com crimes, e classificou as acusações sem provas como uma ameaça ao estado democrático de direito.

O caso segue sob investigação da Polícia Civil, que busca esclarecer a autoria e a motivação do crime. A morte da advogada gerou comoção no meio jurídico e reforçou debates sobre a segurança de profissionais da advocacia criminal.

Nota na íntegra:

Acerca de matéria deste renomado jornal atribuindo a uma advogada vítima de homicídio uma suposta vinculação com organizações criminosas, a OAB Bahia e OAB Subseção Ipiaú vêm a público informar que não receberam nenhuma denúncia ou notícia acerca de supostas infrações ético-disciplinares na atuação profissional da advogada criminalista Maria das Graças Barbosa dos Santos, barbaramente assassinada nesta segunda-feira (24), em Ipiaú.

A OAB Bahia e a OAB Subseção Ipiaú ressaltam que é preciso, antes de mais nada, não confundir a advogada com o réu. Advogados são responsáveis pela defesa dos réus. Essa é uma garantia fundamental dos direitos humanos assegurada pela Constituição Federal.

Deste modo, advogados defendem criminosos nos devidos processos legais, mas não os crimes. Tentar criminalizar aqueles que são responsáveis pela defesa dos réus, com base em fatos típicos do exercício profissional da advocacia ou apenas em relatos de fontes secretas, sem que nenhuma prova ou indício sejam apresentados, como faz a referida matéria, é um retrocesso perigoso e uma ameaça ao estado democrático de direito.

Ressaltamos que a investigação mal começou e não há, até o momento, nenhuma conclusão oficial que corrobore as informações apresentadas na matéria.

É profundamente lamentável que a Dra Maria das Graças tenha sido assassinada nesta segunda (24), num crime que chocou a advocacia baiana, e já no dia seguinte seja acusada, sem provas nem conclusões oficiais, com base apenas no relato de uma fonte secreta, de integrar uma facção criminosa. Tal conduta merece o repúdio de toda a advocacia baiana, não apenas por atentar contra a honra da advogada falecida, mas também por contribuir para a criminalização da advocacia criminal, uma atividade essencial para a garantia do devido processo legal e da ampla defesa.

Daniela Borges - Presidenta da OAB da Bahia

Paulo César Silva - Presidente da OAB Subseção Ipiaú

Informações do Correio 24 horas

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